Imigrantes indígenas ocupam ruas no AM para fugir da fome na Venezuela

A crise econômica e a falta de alimentos na Venezuela fizeram com que indígenas nativos deixassem o país. Em busca de sobrevivência, eles começaram a migrar para capital amazonense desde o início deste ano. Adultos, idosos e crianças se abrigaram na Rodoviária de Manaus e debaixo de um viaduto na Zona Centro-Sul. Mesmo com dificuldades e enfrentando preconceitos, eles afirmam que precisam pedir esmolas para sobreviver. "Estamos buscando comida", disse um dos imigrantes ao G1.
Um relatório da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc) apontou a presença de 117 indígenas da etnia Warao em Manaus, até março de 2017. O número subiu para mais de 400 em abril.
“Na Venezuela não temos comida, não temos nada de comida e por isso viemos para cá. Estamos aqui e estamos buscando comida para nossa gente que ficou na Venezuela com fome”, disse o cacique Fernando Morales, de 57 anos.
A presença dos imigrantes gerou a abertura de um inquérito civil pelo Ministério Público Federal no Amazonas (MPF/AM). O objetivo da ação é acompanhar medidas de apoio aos indígenas Warao. O MPF solicitou informações de órgãos públicos ligados à assistência social, direitos humanos e indígenas, sobre as medidas adotadas para garantir o atendimento humanitário aos refugiados.
Após reuniões com vários órgãos, ficou definido que seriam disponibilizados ônibus para levar os imigrantesde volta ao país de origem no dia 2 de abril. A Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc) iria disponibilizar dois ônibus para levar os venezuelanos, mas a viagem foi adiada. Um plano de ação é montado pelo governo e prefeitura.
O cadastramento de imigrantes que chegam é feito em um posto na rodoviária. "Manaus não é a primeira migração, ou primeiro ponto de mobilidade. Pacaraima e Boa vista também são pontos de destino dessas populações. A contagem demonstra a permanência de 450 pessoas de nacionalidade venezuelana indígena", disse a a secretária da Sejusc, Graça Prola.
Abrigos improvisados
Inicialmente, os venezuelanos ficaram alojados na Rodoviária de Manaus. Aos poucos eles foram para as ruas e cortiços no Centro e bairro Educandos, Zona Sul. Um grupo de aproximadamente 50 indígenas - cerca de 20 crianças entre eles - acampou em barracas debaixo do Viaduto de Flores, na Zona Centro-Sul, há duas semanas.
FONTE PORTAL G1