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Residencial na Zona Oeste de Manaus é indiciado por cometer crime ambiental

Um empresário e a diretoria da associação de moradores de um residencial de classe média e alta no bairro Tarumã, na Zona Oeste, foram indiciados por cometer crime ambiental. Além de conservar substância tóxica em condições precárias, o material também foi despejado no igarapé da “Água Branca”, causando danos irreparáveis para a natureza.

A informação foi confirmada pelo delegado titular da Delegacia Especializada em Crimes contra o Meio Ambiente e Urbanismo (Dema), Samir Freire.

As primeiras denúncias de irregularidades chegaram à especializada no início do fevereiro deste ano. O Instituto de Proteção Ambiental do Estado do Amazonas (Ipaam) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) realizaram os primeiros levantamentos e encaminharam o caso à Dema.

De acordo com Samir Freire, manchas de óleo foram encontradas em boa parte da extensão do igarapé, além do nível avançado de desmatamento no entorno dele. “Nós levamos a Perícia Técnica no local e conseguimos identificar que o vazamento vinha do residencial. Também chamou a atenção o nível de desmatamento da área florestal e o assoreamento do igarapé. Com certeza, os danos ambientais causados ali são irreparáveis”, salientou o delegado.

Durante as investigações, a polícia não só detectou que o vazamento de óleo partiu do residencial, como também encontrou no local uma espécie de depósito improvisado de óleo e massa asfáltica que estavam impróprios para o uso.

Responsabilização

Em um terreno do residencial, foram encontrados 80 tonéis de 200 litros, um tonel de 500 litros e dois caminhões pipas de 15 mil litros todos eles carregados de massa asfáltica e óleo. “Era uma resina grossa e boa parte desses tonéis estavam em péssimas condições de acondicionamento, vazando aquele material no solo e consequentemente, no igarapé”, explicou.

O dono do material foi identificado como o empresário Ávila Gomes da Mata. Segundo a polícia, ele trabalha com transporte de óleo para usina de asfalto e usava o terreno do residencial para armazenar o material.

Conforme o delegado da Dema, tanto o empresário quanto a associação dos moradores foram indiciados porque foram coniventes e não denunciaram o problema desde quando ele começou. “No residencial há o controle de entrada e saída de veículos, então a gente entende que a associação dos moradores sabia o que ele (o empresário) estava guardando no local e mesmo assim não fizeram nada. A consequência disso é um dano ambiental irrecuperável”, ressaltou Samir Freire.

Segundo o delegado, os responsáveis terão que responder criminalmente pelo crime ambiental e podem ser multados pelos órgãos ambientais como Ipaam e Ibama. O caso será encaminhado à Justiça nos próximos dias.

“O valor de multa é incalculável devido a gravidade do dano ambiental causado nessa região, que é uma área de preservação ambiental”, afirmou.

Nascentes estão preservadas

Para membros da organização não governamental Mata Viva, que há 17 anos defende a preservação do igarapé da Água Branca, o descarte de óleo e massa asfáltica no igarapé foi criminoso. O fundador da ONG, Jó Fernandes Farah, afirmou que nunca havia ocorrido vazamento de óleo antes no local. “Pelo que vimos, chegamos bem na hora do ocorrido. Talvez algumas horas depois. Nunca houve vazamento antes. O óleo foi lançado de propósito. Foi um descarte ilegal e criminoso”, afirmou.

De acordo com o fundador, a área mais afetada pelas manchas de óleo foi onde o igarapé deságua, em um igapó, o que prejudicou a fauna aquática, animais terrestres e aves. No entanto, a água contaminada não comprometeu as nascentes e nem áreas de grande extensão ao longo do igarapé. “Já voltamos no local mais atingido e encontramos uma água mais limpa porque choveu muito nos últimos dias e os igarapés que deságuam no igapó levaram mancha de óleo para longe”, completou Jó Fernandes Farah.

Ainda de acordo com o fundador da Mata Viva, o “Água Branca é o último igarapé urbano vivo de Manaus. “Tudo que acontece com igarapé nós ‘contamos’ na internet. Digo ‘contamos’ porque fazemos isso contando a história real de vida ou morte do último igarapé urbano ainda vivo em nossa cidade, que parece odiar água limpa, farta, fria e perene”, disse ao criticar a falta de políticas públicas para preservação do igarapé.

Mata Viva

A denúncia do crime ambiental que atingiu um trecho do igarapé “Água Branca” foi feita pela organização não governamental (ONG) Mata Viva pelas redes sociais. A Mata Viva monitora o igarapé há 17 anos e tem a preocupação de lutar pela preservação do último igarapé urbano ainda vivo na capital

FONTE: PORTAL ACRITICA


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