Amazonense foi um dos 77 alunos do Brasil a tirar nota mil na redação do Enem
Ele gosta de matemática, mas foi em português que se superou. O ditado popular de que “a prática leva à perfeição” nunca fez tanto sentido na vida do estudante amazonense Kelvin Nunes, 18, como agora. Ele foi um dos 77 alunos do Brasil a tirar nota máxima (1.000) na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2016. Tal façanha foi obtida à custa de um treino intensivo de estudos. “Fazia uma redação por semana”, relata.
Depois de fazer a redação, o jovem levava o texto para ser analisado pelos professores para saber onde tinha errado e como poderia melhorar. A prática o deixou preparado para escrever sobre qualquer tema, mas o que caiu no Enem, “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”, contribuiu ainda mais para o seu desempenho. “Eu pesquisei muito sobre essa causa por ter sofrido com a intolerância religiosa. Então tinha experiência para colocar na redação”, revela ele, que no texto defendeu a importância de respeitar para ser respeitado.
Kelvin é ateu e ouviu de algumas pessoas que quem não crê em Deus é uma pessoa má, tem pacto com o demônio, entre outras discriminações. “Não é assim, não tem nada a ver”, afirma. Porém, mesmo com a experiência na escrita e no tema, ele não esperava tirar a nota máxima na redação do Enem. “Sabia que eu teria uma boa nota, mas não que fosse mil. Quando vi o resultado atualizei a página várias vezes para ter certeza que a nota era essa mesmo”, declara.
E Kelvin não estava tão focado no Enem, ele estava concentrado no Processo Seletivo Contínuo (PSC) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Tanto é que ele ficou em primeiro lugar no curso de Sistema de Informação. Aliás, este é o curso que ele vai fazer. O jovem não vai utilizar a nota do exame nacional. “Eu gosto de mexer com computador. Quero aprender mais sobre isso. Não vou usar a nota do Enem porque quero focar só numa coisa”, diz.
Durante a preparação para as provas que dão acesso à universidade, o estudante do Centro Educacional Recanto da Criança Interativo não largava os livros quando chegava em casa. Todos os dias, ele tirava 2h para estudar em casa, meta que só conseguiu alcançar graça ao apoio e incentivo da mãe, Marlan Nunes, 45. “Sempre que eu estava jogando ou mexendo no computador, ela puxava minha orelha e dizia: oh, vai estudar menino! Para de jogar, teus concorrentes estão estudando e você está aí, jogando”, lembra.
Cada vez mais raros
O número de estudantes que obtiveram a nota máxima na redação do Enem 2016 caiu em relação ao ano anterior, de acordo com o Ministério da Educação (MEC). A média em redação ficou entre 501 e 600 pontos, mas só 77 participantes conseguiram tirar o máximo - 1.000 pontos. Em 2015, 104 participantes conquistaram a pontuação máxima.

Rotina de disciplina nos estudos começa em casa
A mãe de Kelvin, 18, Gabriel, 16, e Laura, 9, Marlan Nunes, 45, fala com orgulho dos filhos. Ela e o esposo, Geraldo Oliveira, que faleceu em 2015, aos 58 anos, traçaram uma meta para toda a vida escolar dos três. “Nosso primeiro objetivo era colocá-los numa boa escola para terem melhores oportunidades. A gente olhou para nós mesmos: apesar de termos sido considerado inteligentes na escola, nunca passamos no vestibular. Tivemos que trabalhar cedo, estudar à noite e isso tudo tira o foco. Então, queríamos que eles tivessem mais oportunidades que nós”, revela.
Marlan diz que, em casa, as crianças se empolgam e se dedicam. Mas ela garante que eles não vivem só para os estudos. “Eles seguem um roteiro que a escola dá. O Sistema Ari de Sá diz que se a criança estudar por, pelo menos, 2h diárias em casa,ela tem condições de passar nesses concursos. Foi isso que o Kelvin se propôs. Ele estudou todos os dias pelos menos essas duas horas. Tanto é que depois ele tocava violão e teclado para relaxar. Não estava todo tempo na frente do computador e do livro”, conta.
Kelvin assegura que não abriu mão de nada enquanto se preparava para as provas de fim de ano. “Tive uma rotina normal”, garante o jovem. A mãe afirma que, se o pai dele tivesse vivo, estaria radiante de tanta felicidade. “Tenho certeza que ele não ia parar de falar nisso nunca. Aonde ele fosse ia colocar na camisa para mostrar para todo mundo que o filho tinha passado em primeiro lugar no PSC. Era um pai muito babão”, diz emocionada.
"Quando meu pai falava de mim para qualquer pessoa, falava com um brilho nos olhos e muito orgulho. Ele gostaria que eu me tornasse uma boa pessoa e continuei seguindo tudo o que ele quis pra mim. Não é porque ele se foi que eu tenho que desistir das coisas, porque ele não ia querer que eu ficasse parado”, relata Kelvin Nunes.
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FONTE: PORTAL ACRITICA