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Motociclistas desafiam leis de trânsito na Avenida do Turismo


Para eles não há leis que possam freá-los. Acostumados a viver “perigosamente”, dezenas de motociclistas se reúnem todas as semanas durante a madrugada na avenida do Turismo, no Tarumã, na Zona Oeste, para “puxar o bonde” do desrespeito as leis de trânsito e práticas de manobras radicais que podem custar a vida de um ser humano.

O ponto de encontro é sempre no mesmo posto de combustíveis. O encontro começa a partir das 23h e minuto a minuto, as motos preenchem todo o espaço do estabelecimento. Carros equipados com aparelhos de som potentes também se aglomeram no estacionamento do posto e é dada a larga para a “festa”. “Eles ficam aí, com o som ligado, bebendo. Mas a gente não pode fazer nada”, disse um funcionário, que preferiu não ser identificado.

São dezenas de motos. Algumas delas de passeio, mas que tiveram o motor modificado para ganhar mais potência. Os motociclistas arrancam pela avenida, disputam na velocidade máxima, exibem manobras sem qualquer equipamento de segurança. Muitas vezes nem mesmo o capacete, item de segurança obrigatório para o veículo, é usado na hora de dar um “cavalinho de pau”.

A lista de irregularidades é grande: embriaguês ao volante, falta de equipamento de segurança, excesso de velocidade. O racha por si só configura crime de trânsito e pode levar a cassação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), abertura de processo administrativo e criminal além de multa, que pode chegar a 10 vezes mais que a aplicada pela Lei Seca, que é de R$ 1,9 mil, segundo o Departamento Estadual de Trânsito (Detran-AM).

Não bastasse arriscar a sua própria vida, há quem coloque em “xeque” também a vida do garupa. A Crítica flagrou vários motociclistas manobrando os veículos com passageiro sem qualquer cuidado. Enquanto uns se exibem, outros ficam na plateia assistindo o “espetáculo do perigo”.

Moradores reclamam

Quem mora ao longo da avenida do Turismo está acostumado a presenciar as cenas de afronta as leis de trânsito e apontam que a inexistência de fiscalização contribui para que o “bonde” ganhe mais adesão a cada semana.

“Eles aproveitam de terça a quinta-feira e as vezes no final de semana. Durante a semana é melhor para eles porque não há blitze por aqui. Então eles tomam a pista de uma ponta a outra, nos dois lados”, afirmou uma moradora.

Outra moradora contou que é difícil até para dormir porque as motos são barulhentas e incômodas. “Eles correm em alta velocidade e o barulho é terrível. Ninguém consegue dormir e o pior é que a gente não pode falar nada porque não sabemos quem são essas pessoas, nem o que elas são capazes de fazer conosco”, revela ela, que também pediu para não se identificar.

Vigilante de um condomínio das redondezas há mais de 10 anos, José Carlos Almeida, 48, conta que já várias pessoas morreram em acidentes provocados durante rachas no local. “Cansei de ver, principalmente quando trabalhava a noite. Eles fazem essas disputadas bem tarde, fazem bastante barulho e colocam em risco a vida deles e de quem está trabalhando aqui”, reclamou. “As vezes os moradores do condomínio denunciam, chamam a polícia. Mas quando a PM chega, eles já foram embora. Depois, voltam de novo”, disse.

Vista grossa

O Diretor–Presidente do Detran-AM, Leonel Feitoza, afirma que as fiscalizações estão na rua todos os dias. No entanto, ele alega que os grupos de “rolezinhos” como também ficaram conhecidos, costumam mudar de endereço constantemente. “As vezes conseguimos nos infiltrar e aí fica mais fácil”, afirmou Feitoza.

De acordo com ele, só este ano, mais de 600 motocicletas utilizadas em rachas foram apreendidas. Para Feitoza, o álcool e os rachas são dois dos principais problemas entre os jovens, hoje. “Eles fazem manobras perigosas, sem segurança e em local inapropriado. O mais grave é que muitos pais ainda apoiam essa prática”, comentou.

Dados

- 80% dos acidentes registrados em Manaus são provocados por motos. As avenidas mais violentas são a Autaz Mirim, na Zona Leste, e Torquato Tapajós, na Zona Norte.

- 600 veículos, aproximadamente, foram apreendidos em racha pelo Detran desde o início do ano. De acordo com Leonel Feitoza, 70% desses veículos são motos roubadas e adulteradas.

Apreensões

Em janeiro, o Detran apreendeu quase 100 motocicletas em um único fim de semana que eram utilizadas em demonstrações de manobras perigosas em vias públicas em várias zonas da cidade. Metade delas foram flagradas durante um “racha” no Distrito Industrial (confira no vídeo abaixo).

Lei alterada

Em 2014, o Congresso Nacional alterou 11 artigos da Lei 9.503 ( que institui o Código de Trânsito Brasileiro). A mudança endureceu as punições para motoristas que participam de rachas, prevendo penas de prisão para crimes de lesão corporal grave ou morte que ocorram durante rachas ou em acidentes com motoristas alcoolizados ou sob influência de drogas.

FONTE: PORTAL ACRÍTICA


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