Nova rebelião em cadeia pública de Manaus, onde vamos parar?

Quatro pessoas foram mortas durante uma rebelião na Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, no Centro de Manaus, neste domingo (8), segundo o secretário de Administração Penitenciária do estado, Pedro Florêncio. Segundo um agente carcerário que estava na unidade e não quis ser identificado, apenas três agentes monitoravam o local no momento do tumulto.
A movimentação dos detentos começou por volta das 3h do horário local (5h de Brasília). Inicialmente, o secretário havia informado cinco mortes, mas depois revisou o número para quatro.
Em nota, o Comitê de Gerenciamento de Crise informou que os presos iniciaram uma briga por motivo desconhecido. Quatro foram mortos pelos próprios internos. Das vítimas, três foram decapitadas e uma foi morta por asfixia.
A situação neste momento é considerada estável e com policiamento reforçado pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar. As mortes serão investigadas, segundo o Comitê.
Os corpos foram levados para o Instituto Médico Legal (IML), para identificação. Ainda de acordo com o secretário, está sendo realizada uma contagem dos presos. Os mais de 280 detentos instalados na unidade passaram por uma revista após a rebelião.
Fora da Cadeia Pública, familiares iniciaram um tumulto em busca de informações sobre os detentos. O Batalhão de Choque interveio com spray de pimenta.
Ainda neste domingo (8), a asessoria do Ministério da Justiça informou que o titular da pasta, Alexandre de Moraes, autorizou o envio de apoio federal para atender a pedidos dos governos de Amazonas, Rondônia e Mato Grosso. Os três estados solicitaram ajuda da União para conter a crise penitenciária e modernizar as penitenciárias locais.
O Ministério da Justiça disse ainda que o governo amazonense solicitou "ajuda imediata" da Força Integrada de Atuação do Sistema Penitenciário. Ainda de acordo com a assessoria da pasta, os pedidos encaminhados por Manaus já foram autorizados por Moraes, "dentro dos termos legais".

Tumulto na sexta A penitenciária é a mesma que recebeu detentos transferidos após o massacre em presídios que resultou na morte de 60 pessoas. Houve tumulto no local na tarde desta sexta-feira (6). De acordo com a Polícia Militar, os presos reclamam da estrutura do lugar, que abriga mais de 200 na capela e na enfermaria da unidade prisional.
Na ocasião, detentos queriam ir para o raio B, uma das alas da cadeia que tem 24 celas. As secretarias de Segurança Pública e de Administração Penitenciária e membros da Defensoria Pública do Estado foram até a cadeia para conversar com os detentos após a confusão.
O secretário de Segurança Pública do estado, Sérgio Fontes, informou na sexta que os presos concordaram em permanecer onde estavam alojados até o término de obras, que estão sendo feitas nas celas do presídio.
Estrutura deteriorada
O número de presos transferidos para a cadeia pública chegou a 284. O local foi desativado em outubro de 2016 por recomendação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e foi alvo de críticas do Ministério Público do Amazonas (MP-AM).
A Cadeia Vidal Pessoa foi reaberta na segunda-feira (2) para a acomodação de presos ameaçados de morte pela facção criminosa Família do Norte (FDN), apontada como responsável pelas 56 mortes no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), na semana passada. A medida foi adotada de modo emergencial para "preservar vidas", segundo Fontes.
Devido ao abandono do prédio, o local está com estrutura deteriorada, incluindo as celas, que contém restos de obras e entulho. O procurador geral do MP, Pedro Bezerra, fez uma visita ao local na quarta-feira (4). Segundo ele, os presos "estão muito amontoados porque as outras partes [da cadeia] não estavam em condições de recebê-los".
Transferência como medida de segurança Os internos transferidos à Vidal Pessoa por questões de segurança estavam presos no Centro de Detenção Provisória Masculino (CDPM), o Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat) e a Unidade Prisional do Puraquequara (UPP). A medida do governo foi uma tentativa de isolar os membros da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) dos outros presos da facção Família do Norte (FDN).
FONTE: PORTAL G1